COVID-19 E VOLTA ÀS AULAS
Com a diminuição de casos da covid-19 o
Estado da Bahia passa por momentos de abertura dos setores que antes estavam
fechados por prevenção contra a doença. Desde junho desse ano, há vários
debates a respeito do retorno ás aulas presenciais tanto na rede pública,
quanto na rede privada e vem acontecendo um verdadeiro embate entre o sindicato
dxs professorxs (APLB) e o governador Rui Costa. Profissionais da educação
solicitam mudanças estruturais e equipamentos que garantam um espaço seguro nas
escolas, para estudantes e trabalhorxs retornarem gradativamente ás salas de
aula. Entretanto, o governo avança em seus planos de retorno das aulas
presenciais, sem tornar o ambiente escolar seguro em grande parte das unidades
de ensino da Bahia, e ameaçando à categoria com cortes de salários, cortes de
auxílios para estudantes e constrangimento dxs professorxs nas redes sociais e
mídias, buscando convencer à população de que xs docentes não querem retornar
às escolas por comodismo e sem motivos lógicos.
Recentemente, no dia 18/10, tornou-se
obrigatório o retorno das aulas 100% presenciais nos colégios estaduais, mas a
adesão por parte dxs dicentes ainda é baixa, demonstrando que antes de retornar
às escolas é preciso repensar como deve se dar esse retorno, como está a saúde
física e mental de todxs envolvidxs, como o processo de aprendizagem foi
afetado durante a pandemia e buscar mecanismos de superação desses problemas.
INCÊNDIOS NA CHAPADA
Os incêndios na vegetação do Estado
avançam bastante desde o início de setembro. O estado da Bahia concentra 25%
dos casos de incêndio em vegetação, no ano de 2021, em toda a região Nordeste.
As informações são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Os
dados mostram que as queimadas desse ano já superam do ano passado, um reflexo
do descontrole climático e das alterações no meio ambiente. Enquanto regiões
como Ilhéus e Itabuna enfrentam problemas de enchentes e fortes chuvas, a
Chapada Diamantina e outras regiões enfrentam dificuldades com as secas.
DISPUTAS POR TERRITÓRIOS INDÍGENAS
O Estado avança por todo o país nos
territórios indígenas, e dessa vez, o alvo são as terras Tupinambás. A polícia
federal durante o mês de outubro vem realizando uma série de ações para
reintegração de posse de áreas habitadas pelos Tupinambás, sem aguardar a
finalização do relatório de identificação da Terra indígena Tupinambá de
Olivença feito pela FUNAI, ameaçando a integridade física e os meios de
subsistência desses povos.
Para além dos avanços do Estado, grileiros
e ruralistas fazem verdadeiras emboscadas e covardias contra povos indígenas em
busca das suas terras. O mais recente ataque aos indígenas no sul da Bahia se
deu contra uma liderança Pataxó do Território Pataxó Comexatibá, que no dia
20/10 sofreu tentativa de atropelamento por grileiros da região, e ao buscar
denunciar sequer foi ouvido pela polícia. As disputas por terras no sul da
Bahia se dá com povos indígenas, pescadores e marisqueiras que lutam pela
proteção dos territórios e sua subsistência contra grileiros que querem
privatizar as praias para lucrar com condomínios de luxo, e a polícia que apoia
aos inimigos da natureza, em forma de silêncio e omissão dos crimes cometidos.
VIOLÊNCIA POLICIAL E VIOLÊNCIA CONTRA MENORES
Nos últimos meses a Bahia vem
experienciando uma escalada gritante no cinismo das instituições para com sua
população, seja por meio das posturas genocidas do governador petista Rui Costa
(que, apesar de se revindicar à esquerda, mostra-se desde sempre tão
reacionário quanto qualquer governador bolsonarista) ou por ação direta da
violência policial. Os dois homens executado no dia 20/10 em Salvador na favela
do Calafate infelizmente são a continuação de atitudes sistemáticas da polícia
baiana, responsável pela morte de 1.137 pessoas (segundo maior índice do país)
no ano de 2020; todas essas vítimas homens pretos.
Enquanto o policiamento é reforçado em
torno do Farol da Barra e alguns indivíduos dentro da corporação asseguram a
viabilidade de um carnaval para 2022, a capital e o interior sangram. Nos
últimos dois anos houve 114 homicídios de crianças e adolescentes no estado,
segundo dados da Rede de Observatórios de Segurança, bem como 88 casos de
violência sexual e estupro contra menores.
Outro fator a ser levantado em contínuo
descaso das instituições para com os assassinatos de oito irmãos de família
cigana em Vitória da Conquista e arredores. O Instituto de Ciganos do Brasil
(ICB) vêm tentando instaurar uma CPI para apurar o ocorrido, porém enfrenta
resistência e boicote por parte das policias Civil e Militar (mais interessadas
em execuções sumárias que em efetuar investigações ou prisões). As testemunhas
do caso sentem-se, com razão, inseguras e o ICB aponta para o risco de novas
execuções na área.
FEMINICÍDIO E VIOLÊNCIA DE GÊNERO NA BAHIA
O assassinato no dia 17/10 de Kezia
Stefany da Silva Ribeiro (21 anos) em Salvador infelizmente soma-se aos mais de
65 casos de feminicídio registrados no estado até o mês de setembro, bem como
ao aumento de 11,8% nos feminicídios ocorridos na Bahia entre 2020 e 2021.
Dados apontam que uma a cada quatro mulheres acima dos 16 anos já foi vítima de
algum tipo de violência no período dos últimos 12 meses no Brasil, com a Bahia
liderando os números de violência sexual entre os estados nordestinos.
Sob justificativa de não haver uma cela
especial disponível para acomodar um advogado, o assassino José Luiz de Britto
Meira Júnior é mantido em prisão domiciliar em sua residência de luxo no bairro
do Rio Vermelho, local do crime.
Tal qual Luiz, a empresária Melina Esteves
França também parece gozar dos privilégios que o punitivismo reserva aos ricos;
acomodada em seu “bem localizado” apartamento ela lida apenas com o inconivente
de uma tornozeleira eletrônica, enquanto Raiana Ribeiro se recupera no HGE após
pular do terceiro andar numa tentativa desesperada de fugir das agressões de
sua ex-patroa ocorridas no tempo que trabalhou de babá; o caso fez vir a tona
relatos de 11 outras ex-funcionárias de Melina, todas agredidas por ela
enquanto trabalhavam naquele apartamento.
PERSEGUIÇÃO CLASSISTA AOS PAREDÕES
Na esteira dessas ações endossadas por Rui
Costa vem a tona sua recente empreitada em conjunto com Bruno Reis visando a
criminalização e perseguição sistemática das populações periféricas que
integram os chamados paredões na Bahia. (novamente, apesar do verniz de
político de esquerda, Rui se mostra mais reacionário e perigoso que grande
maioria dos quadros de direita do estado.) Seu grande parceiro no lobby de tal
punitivismo, o prefeito de Salvador, já deixou claro que “todas as solicitações
de alvará para paredões serão indeferidas”, ao mesmo tempo que defende (e
estimula) os chamados eventos testes no município.
A questão nunca foi a saúde pública ou os
protocolos de prevenção a COVID-19, muito menos o suposto combate ao tráfico e
uso de substâncias psicoativas; a real pauta é criminalizar a periferia em cada
mínimo detalhe possível, gentrificar tudo fora do escopo do que a burguesia
baiana considera aceitável/desejável. Afinal, tanto Rui quanto Bruno Reis a
muito tempo vêm forçando reaberturas de comércios e escolas contra qualquer
protocolo ou bom senso.
A própria mudança de discurso das partes
envolvidas é cínica a despeito de qualquer tentativa de camuflar os interesses
escusos, intercambiando argumentos e justificativas que lhes sejam convenientes
no momento. As facções seguem agindo a todo vapor com ou sem os paredões, assim
como as festas de “até 1200 pessoas” na capital baiana não parecem risco algum
em tempos pandêmicos (obviamente, caso sejam advindas das classes ricas.)
Fontes:
https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2021/10/19/feminicidios-bahia-registra-mais-de-65-casos.ghtml
https://fase.org.br/pt/informe-se/noticias/todo-apoio-a-luta-dos-povos-indigenas-na-bahia/